Quantas vezes você se viu mentindo na ilusão de estar protegendo seu filho, sua amiga, seu marido, sua colaboradora… Ilusão minha cara amiga, meu caro amigo. Mentir não é proteger, é enganar. Trapacear. Excluir.
Mas eu só percebi isso agora.
Eu menti ao meu filho por 5 anos, desde o dia em que fui diagnosticada com câncer de mama em 2018. Na época, meu filho Enzo estava com 1 ano e 8 meses. Um bebê. Indefeso. Ainda usava fraldas e chupeta.
Levei cinco anos para contar a verdade para ele. Nesse tempo, fui enganado, embora, eu, iludida, acreditava que estava contornando a situação e o protegendo sobre uma verdade dolorida, sofrida e amedrontada pelo risco que minha vida corria.
Ilusão a minha…
Levei cinco anos para perceber que mentir não é proteger.
Levei cinco anos para contar a verdade. De uma forma leve, não traumática e que o fizesse sentir parte do processo e integrante da família.
Levei cinco anos.
Mas quem me fez perceber isso foi um garoto de 6 anos quando externou o que via: uma mãe preguiçosa, dorminhoca e que não gostava de brincar com ele.
Um garoto de 6 anos esfregou a verdade na minha face. A verdade dele e a que ele percebia. Aquela frase doeu tanto que meu peito parecia rasgar. Mas não poderia permitir que o Enzo crescesse com uma percepção equivocada sobre mim, principalmente por não ser uma percepção verdadeira.
Mentir não é proteger.
Assim surgia o “Suquinho da Mamãe”. Um livro para que as crianças possam entender o câncer, uma doença que cada vez mais acomete pessoas indiscriminadamente. Mulheres, homens, jovens, velhos. E todos cada vez mais jovens.
O narrador da história é o próprio Enzo, que conta como descobre que sua mãe tem Câncer. Na obra, ele comenta que, ao saber o que de fato acontece com a sua mamãe, não sente mais medo.
As ilustrações foram baseadas em fotografias originais.
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Encontro você lá!
Bjs de LUZ,
Fernanda R.